Greve em Paris é coisa muito séria e bem organizada. As crianças aprendem desde cedo sobre política, cidadania, direitos e quando discordam de algo que a mãe disse fazem greve e são respeitadas. A Renata me contou que uma vez estava em um restaurante e uma criança pequenina estava discutindo com sua mãe sobre seus direitos e deveres, como não obteve sucesso em seus argumentos, ela disse a mãe que estava de greve e que não comeria a refeição. A mãe disse que ele tinha esse direito!
Toda essa volta para dizer que hoje houve uma grande mobilização na França contra a reforma na política de aposentadoria proposta por Sarkozy, muitos sindicatos se organizaram e as pessoas foram para as ruas a fim de se manifestarem. Os números divulgados pelos sindicatos e pela policia são muito diferentes, mas pela cobertura jornalística, muita gente aderiu ao movimento. Com isso, a cidade reduz e muito sua velocidade, os trens são reduzidos e quando você consegue pegar um, está apinhado de gente e vai se arrastando trilho a fora, é assim que eles fazem, andam mais devagar, as vezes até param no meio da rota e os trajetos demoram 3x mais para serem feitos, quando o são!
O trem mais afetado é o RER B extamente o que vem até aqui na Cité U, assim sendo, resolvi passar o dia por aqui mesmo. Comecei com uma sessão de shiatsu, pois descobri que a Vivi que é fisioterapeuta, aplica essa técnica divinamente e me ajudou a lidar com uma grande dor no ombro direito que adquiri desde que cheguei, talvez pelo colchão, computador, tensão, sei lá... o melhor é já começar a cuidar!
O RU (restaurante universitário) me surpreendeu novamente e por 3 euros pude comer uma casquinha folhada recheada de frutos do mar, acompanhada por batatas gratinadas e legumes. Poxa, a minha ideia de comer no bandejão pra conseguir emagrecer foi por água abaixo!!!! Sendo assim, passei a tarde estudando, primeiro na biblioteca daqui onde encontrei alguns livros interessantes sobre história da dança e do corpo e em seguida voltei aos textos do Dominique e descobri um conceito bem interessante que, a princípio, vai de encontro com as ideias que tenho confabulado para a tese. Trata-se da teoria de Meyerson sobre a pscicologia histórica, segundo a qual, a atividade psíquica se completa a partir da (re)construção de obras, entre elas as artísticas, que tornam legíveis as operações e esquemas humanos. Isso sob a perspectiva do signo. Ele desenvolveu então um "inventário das marcas do nível humano" que reune formas de representação que apreendem os estados mais subjetivos (les oeuvres, le langage, les intermédiaires matériel, etc...). Essa história tem me interessado bastante.Mas, ainda é cedo para maiores afirmações.
| Números discrepantes: Os sindicatos ficaram satisfeitos com a mobilização e divulgaram que 300 mil pessoas foram as ruas de Paris, o governo se apoia nos números da polícia para afirmar que a manifestação perde forças e que estiveram nas ruas 65 mil cidadãos. Cerca de 231 organizações participaram do "desfile", o segundo em menos de 2 semanas. Autoridades e sindicatos ainda discutem se essa manifestação teve ou não a mesma proporção que a de 7 de setembro. Bem, o que posso afirmar é que fiquei sem trem nas duas e torço para o entendimento entre governo e sindicatos. |
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