dimanche 24 octobre 2010

51ème jour: Touchez!

Escrever todos os dias além de ser um desafio ao e no tempo, me faz perceber como esse tempo tem passado rápido, pois quando ele é numerado ele pode ser de alguma maneira mensurado. Já são quase 60 dias! O tempo voa e constato quanto trabalho tenho pela frente!
Após o engano de ontem, hoje comecei o seminário na Paris 8, mas descobri que na verdade trata-se de um atelier, mais prático que teórico. Cheguei estrangeiramente despreparada para a ocasião, sem roupas adequadas, água, almoço... mas por aqui também existem jeitinhos. Madame Roquete me emprestou uma roupa e outra francesa desconhecida me deu moedas para o café!quando percebeu minha dificuldade com a máquina, pois eu só tinha dinheiro em papel!! Por favor, não digam que eles não são simpáticos, se nos fixarmos nesse tipo de generalização eu vou ter que sair sambando e jogando capoeira Paris a fora. Quase sempre tenho me deparado com pessoas muito gentis por aqui. 

No atelier tratamos sobre toucher, a escuta do corpo através do toque, fizemos alguns exercícios com objetos diferentes, me lembrou um pouco aulas que tive no Brasil sobre contato e improvisação. A professora falou um pouco sobre uma ciência chamada haptonomie que desenvolve técnicas de interação e afetividade através do toque, trabalhando a qualidade desse. É muito usada entre os pais e o bebê ainda no ventre, pode estimular a relação ainda antes do nascimento. Parece interessante. Outro ponto que me chamou atenção foi o entendimento de que entre a pessoa e o objeto existem sempre 3 elementos, pois há o espaço entre um e outro, e a distância e a aproximação entre eles é o primeiro estado da experiência sensorial. Nesse sentido, a mão, que era nosso objeto de discusão, não "acaba" na área de contato, ela irá se prolongar, como já dizia José Gil, sobre o espaço do corpo, a pele é ela mesma um prolongamento do espaço em que estamos inscritos. Isso se torna muito evidente com as técnicas que vimos hoje, um simples toque é capaz de nos dar inúmeras informações sobre o corpo do outro, tonicidade, temperatura, pulsação e por vezes, emoção. Quando fechamos os olhos para entrar em contato com outro corpo abrimos nossa mente para outro tipo de sensibilização, primária, evidente, mas cada vez mais abandonada pela "liquefação" de nosso tempo de contatos virtuais. E vale entender aqui, que há uma grande diferença entre toque e contato, pode se tocar alguém sem fazer o menor contato e, por aqui, normalmente quando isso acontece vem acompanhado do usual, pardon!

"La main (...) a ses rêves, elle a ses hypothéses. Elle aide à connaitre la matiere dans son intimité. Elle aide donc à la rêver" (Gaston Bachelard, L´eau e les rêves)

Aos que vem acompanhando meu blog, aviso que deverei arriscar um pouco mais no francês, primeiro porque o Dominique começou a segui-lo e segundo porque preciso aprender a escrever :) Afinal, tenho uma tese inteira pela frente, como se trata de uma cotutela terei que defender e escrever em francês! Ou seja, esse aprendizado é urgente!

1 commentaire:

  1. Quando se percebe a diferenca entre contato e toque, ja e meio caminho andado ne nao minha queridinha, beijos..

    Lilian

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