mercredi 24 novembre 2010

82ème jour: Le bruit

Depois de alguns perrengues estou voltando a estabelecer uma rotina pro dia a dia. É preciso muita disciplina por aqui! Estou indo mais frequentemente à biblioteca do Pompidou e tentando me estabelecer em alguma atividade física. Experimentei uma aula de contemporâneo com base em Cunningham e me surpreendi com o prazer da técnica que, a princípio, me parecia dura demais. Tentei o clássico e vi como estou enferrujada, rs! Fiz uma aula extremamente rápida e avançada, foi um desafio que não pretendo abraçar por hora, pois já tenho muitos outros que são prioridade.
Mas, hoje queria mesmo era falar um pouco sobre o barulho. O barulho na/da biblioteca. Descobri que bibliotecas não precisam ser tão silenciosas, é justamente na tentativa de sê-lo que as pessoas produzem seus ruídos e é curioso reparar como passam todo o tempo tentando evitá-los. É como se o silêncio existisse e pudesse ser encontrado, mas não há silêncio na vida. É uma batalha perdida à priori. O silêncio não se alcança, nem com cartazes imperativos e inúteis.
Ah, se fosse possível ouvir todos os ruídos das pessoas... Imagino que nesse esforço, as bibliotecas seriam os lugares mais barulhentos do mundo! Porque ali vigora o barulho do pensamento, esse que não se apaga nem querend; permanece. Nem que seja por um breve movimento lá nas  tais profundezas  que chamam de inconsciente, preparando-se para virar linguagem, ruído, signo, fala,  enfim, barulho. Acrescente-se a isso a ideia de um pensamento aprisionado, que naquele espaço só dialoga com os livros, que são então outro pensamento, dessa vez materializado e arquivado. Quanta gente querendo dizer há nesse lugar de leitura?
Foi assim, que deixei de me incomodar com o barulho da biblioteca sempre cheia. Aliás, esse deve ser mesmo um dos motivos pelos quais a procuro, essa forma de manifestação humana. Afinal, sob essa perspectiva, eu que levo meus próprios livros pra biblioteca, estaria mais bem instalada no meu stúdio quase-silencioso, onde vira e mexe eu ligo o rádio ou TV pra não ficar só com os meus pensamentos incômodos. Mas, na biblioteca, acho que gosto de ver/ouvir/imaginar os pensamentos querendo sair, queredno fazer barulho! 

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