samedi 8 janvier 2011

128ème: Cabeza de Vaca et José Gil

Ontem, fui assistir ao filme Cabeza de Vaca baseado na história do conquistador espanhol de mesmo nome que por volta de 1527 sobreviveu, junto a 3 outros homens, ao naufrágio da expedição que iria explorar a costa do México; morreram cerca de 300 outros colonizadores. Esses quatro sobrevivente viveram 8 anos junto aos índios, como escravos e curandeiros.
Foi impossível não associar as imagens iniciais do filme ao livro do José Gil, isso porque elas mostram como "Alvar Nunes Cabeza de Vaca" foi iniciado na magia e cura, e como, por isso, ele ganhou respeito e confiança na tribo. Uma ilustração perfeita do corpo tradutor de linguagens sugerido pelo autor, o lugar que dá o entender a homens de linguagens diferentes, por vias da crença. A seta da flecha que havia atingido um jovem índio e que foi retirada do corpo dele pelo colonizador - que simplesmente possuía alguns conhecimentos médicos -, testemunha a necessidade do suporte material do significante flutuante  e torna-se o signo operador entre a tribo e os espanhóis. Em outra cena, quando o objeto retirado do corpo é um projétil,  ele irá significar, contrariamente, o rompimento dessa relação, o momento em que o curandeiro entende a presença dos espanhóis e se afasta dos índios para buscar meios de retornar a seu país. Fora isso, preciso remarcar como tenho ficado irritada com as imagens da colonização de espanhóis e portugueses! Não dá pra ficar neutra as barbáries. 
O fato, é que voltei pra casa ainda mais animada com o livro e cheguei a um outro ponto da leitura bastante revelador, no que tange as reflexões sobre a infralíngua:

"Deve-se entender a infralíngua como resultado de um processo de incorporação (embodiement) da linguagem verbal, ou melhor da sua inscrição-sedimentação no corpo e nos seus órgãos. Nesta inscrição perde-se a maior parte das articulações verbais, a gramática simplifica-se, reduz-se, é absorvida pelos movimentos corporais, o léxico quase desaparece. O corpo transforma-se: adquire uma inteligência, quer dizer, uma plasticidade do seu próprio espírito (o espírito do corpo: as practognósias, as antecipações de gestos certos, a <geometria natural>, o conhecimento <implícito> do espaço e do tempo), que não possuía antes." (GIL José, 1997, p.46)

Tenho pensado se não é exatamente por esse processo que passamos ao tentar aprender uma língua em outro país, afinal, não basta aprender a gramática é preciso incorporar a infralíngua. Daí o tempo  de cada corpo. Hummm... sinto que estão nascendo boas articulações para um futuro artigo!

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