jeudi 27 janvier 2011

147ème jour: Julie Perrin

As incríveis bibliotecas francesas facilitam muito o trabalho de pesquisa. Usei pela primeira vez o sistmea de prêt universitaire em que você pode pedir uma obra emprestada de qualquer universidade para a sua. Como Créteil, fica longe e tem uma biblioteca muito movimentada, minha intenção era tirar um xerox e trazer a cópia pra ler tranquilamente em casa, como normalmente fazemos no Brasil. Aqui todas as bibliotecas tem internamente um auto-serviço de xerox, você faz um cartão (sempre um cartão), acrescenta créditos e faz suas próprias cópias. "Apanhei" um pouco para entender esse processo e me entender com as máquinas, perdi várias cópias, o xerox pode ser mais complicado do que imaginamos. 
Mas, com quase 5 meses de França, esse já é um processo assimilado, ou quase. O desafio dessa vez, foi fazer as cópias da tese de doutorado de Julie Perrin, De L´espace corporel à l´espace public, e olhando as fotos abaixo vocês vão entender porquê:


Robusta, não?
As quase 600 páginas da autora frustraram a minha ideia de fazer uma cópia completa, me renderam ainda uma dança no xerox, na tentativa de manipular com todo cuidado o calhamaço  frágil, além de uma certa fadiga nos braços. 

Ademais foi motivo de piada entre os outros estudantes que se deparavam com essa minha imagem de dança e luta com a máquina. Um garoto a quem cedi a vez, saiu da sala dizendo: - Merci et bon courage! O outro acabou de entrar na sala, me viu e disse: - Bon soirée! Querendo insinuar que eu passaria toda a noite grudada àquelas luzes verdes da fotocopiadora. 

Mas, claro, fiz uma prévia seleção de páginas. Priorizei a discussão de Perrin sobre a espacialidade do corpo, que foi o que mais me interessou. Na verdade, eu havia deduzido que ela falaria também sobre o espaço público, mas o debate proposto é sobre a recepção da obra, ou seja, o público que  assiste ao ballet. A super tese é dividida em duas grandes partes, na primeira, mais teórica, ela levanta a questão do espaço público sob o ponto de vista da arte e da sociologia e, em seguida, irá falar sobre o espaço e sua relação com a dança e as espacialidades do corpo, que foi o ponto que mais me interessou. Na segunda parte, ela analisa 5 obras de dança a partir do levantamento teórico realizado, que são: Xavier Le Roy, Sel-Unfinished; Yvonne Rainer, Trio A; Olga Mesa, Suite au dernier mot: au fond tout est en surface; Boris Charmatz, Con forts fleuve et Merce Cunningham, Variations V. Sem dúvida um trabalho de fôlego. O melhor é saber que a partir de fevereiro irei seguir um seminário da Julie Perrin, então terei mais oportunidade de contato com as ideias que ficaram sem o registro da máquina de xerox =) Aliás, a dança do xerox é algo que merece ser gestualmente investigado, hein!
 

2 commentaires:

  1. Dançar com xerox não é como dançar em fontes. A luz é dura, os gestos maquinais. Mas o som é melhor, mais ritmado.

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