Aquelas quatro estações que um dia estudamos na escola, mas no Brasil nunca conseguimos identificar bem, existem mesmo do lado de cá. O tempo começa a mudar em Paris, a primavera está em esforço de surgir e uma ou duas vezes por semana nossos olhos já se fecham diante de raios de sol. Se fecham pelo prazer da sensação quase esquecida ou simplesmente, por uma resistência a claridade já perdida.
Mas, o choque das estações não é pura harmonia. O inverno parece raivoso em perder o domínio dos ares e encobriu a cidade com uma névoa estranha, densa e fria, a qual não conhecia. Caminhar pelas ruas toma maior esforço, não há um livre fluir, a sensação é mesmo de atravessamento.
Talvez essa seja a imagem final da travessia das estações, a primavera que quer chegar e o inverno que não que acabar. E meu corpo diante dessa briga, instala-se em um falso-conforto, quase dizendo: Resolvam-se e só depois me acordem.
Postura incômoda. Deste lado do oceano as pessoas variam como marés, corpo estranho aqui fica a deriva. Importante então, subir à proa, enfrentar o vento e escolher a própria direção.

Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire