Corpos em inúmeras formas de se apresentar ao mundo, se organizaram nessa tarde de sol no hall de entrada do Pompidou, lotado também por curiosos. Havia, provavelmente, mais de 200 pessoas em trajes coloridos como o dia, linearmente distribuídas atrás da multidão que eu tentava atravessar para entender do que se tratava. Eu estava ali para ver a Julie Nioche falar, mas o que vi foram berros.
Corpos berravam cor e energia em um movimento intenso, contínuo, contagiante que, dirigido por uma música que tomava todo o salão, parecia sugerir um desejo de exaustão coletiva. Não sei há quanto tempo já estavam naquele ritmo, mas as expressões de fadiga entre os saltos ininterruptos, sugeriam que um longo caminho já havia sido percorrido. Crianças, jovens, adultos, idosos, magros, obesos, deficientes físicos, portadores de síndrome de down, altos, baixos, enfim, nós em várias de nossas particularidades estávamos ali representados. Uma grande massa de corpos moventes e bem misturados como uma unidade, da qual não se sabe mais de que partes são formadas.
Quando a música parou, toda aquela energia produzida parecia, de repente, transportada para o outro lado da performance. As pessoas que se espalhavam pelos dois andares da entrada do museu, manifestaram-se com a mesma densidade da performance, palmas, gritos, sorrisos, a transferência foi tão incrível quanto. Os berros mudaram de lado. Energias recarregadas em uma catarse coletiva que jamais vi.
Como não consegui gravar, encontrei um vídeo no you tube para quem ficou curioso: http://www.youtube.com/watch?v=2xuKFplGhPo
E sobre a obra: Julie Nioche - Les Sisyphes
"Une expérience d'endurance avec des sauts, des mouvements sans fin poussant les interprètes jusqu'à l'épuisement", menée avec des jeunes gens au cours d'ateliers. 
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