mercredi 29 juin 2011

305éme jour: Le gamin au Velo

Com a chegada do verão os dias estão longuíssimos em Paris, só escurece por volta das 22h e o sol não anda dando treguas. Uma boa estratégia para um refresco é ir ao cinema e aproveitar o ar condicionado! Hoje foi dia de assistir ao belga Le Gamin au Velo, dirigido pelos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que tem como trama a vida de um garoto de 12 anos rejeitado pelo pai e acolhido por uma cabeleireira. Se me pedissem para resumir o filme em uma palavra eu não teria dificuldades: Duro!  


Não só pelo drama em si, mas muito mais pela forma realista como isso é levado ao público. Nada de preparar a cena para um acontecimento, gerar algum tipo de suspense ou apreensão, o fato simplesmente aparece, na velocidade da bicicleta, ponto. E passa. E outro. E passa. Como acidentes, acontecem. Como na vida, sem trilha sonora, preparação ou palavras ordenadas. Você dá de cara com o fato e se quiser que "se vire". Aliás, os diretores parecem querer dizer isso ao público também, se virem pra saber porque essa mulher aceita essa criança tão problemática, se virem pra saber cadê a mãe do menino, se virem pra entender os motivos do pai abandoná-lo, se virem pra construir suas próprias histórias com os elementos apresentados.      

Mas, neste filme vi palavras no corpo do garoto e ali a coisa estava sendo muito bem dita. Um corpo tão duro quanto a narrativa, corpo que corre e pedala durante quase todo o filme, como se a velocidade pudesse arejá-lo, extrojetar tanta dor de um pequeno espaço infantil. Em uma cena, após ouvir o pai dizer que não o buscaria mais, o menino segue silencioso no carro da mulher que o acolheu, até que rompe os limites entre o "dentro-fora" e começa a arranhar o próprio rosto e bater a cabeça contra a porta. A dor interna torna-se física. Em outra cena, o garoto é apedrejado por um outro menino em quem ele havia batido durante um assalto e cai bruscamente de uma altura significante. O corpo parado no chão. Após algum tempo em que já se pensava que ele havia morrido, ele se levanta, um pouco ferido e simplesmente caminha em direção a bicicleta. Como se o perdão viesse novamente da dor que o corpo sofre. Parece chocante, mas é só realista.








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