mercredi 31 août 2011

Pina em escapes

Acabo de rever Pina, o filme  de Wim Wenders sobre a obra da amiga e coreógrafa alemã Pina Bausch, que dispensa apresentações. Lembrei-me que da primeira vez que o vi, há cerca de 4 meses, não escrevi sobre ele, talvez por não ter conseguido transformar o êxtase em palavras. E certamente, falho de novo agora, pois não terei habilidade descritiva para essa transferência de linguagem. O próprio diretor, afirma que só se arriscou em sua criação quando o 3D se tornou uma possibilidade para ele. O filme começou a ser feito com a coreógrafa, mas após sua morte repentina foi deixado de lado e, posteriormente, retomado em novo formato. Talvez tenha vindo dessa tragédia da vida real uma ideia de passagem presente no filme, que me parece deslocada da obra e das cenas. São depoimentos dos bailarinos da companhia, em língua original, carregados de feições melancólicos e que perpassam com luto as fantásticas, originais e emocionantes imagens que saltam da tela e fazem vibrar o corpo assentado. Não gosto da quebra que eles estabelecem na narrativa e acho mesmo que não acrescentam muito. Estão todos lá pra dizer que Pina quase não dizia com palavras, então imagino que fosse melhor não dizer em língua falada, eles tem um corpo inteiro pra isso.        


Dizer, escrever, falar da Pina lembra aquela sensação vaga que temos pela manhã ao tentarmos lembrar de um sonho que estava fresco na mente, mas acabou de escapar. Ou ainda, aquela quase memória que se forma na ponta da língua, mas insiste em não sair em palavra. Fabulosamente, o que Pina parece desnudar são essas intimidades, que enquanto cena, revelam sentimentos genuinamente humanos e, com tanta poética tocam de forma certeira o espectador, revelando uma série de sensações por demais prazeirosas. Arte na carne, esse filme me deixa inexplicavelmente feliz, poderia vê-lo 365 vezes. É incrível como Pina faz da dança o alcance do escape. Ela deve ser sempre celebrada! Pronto, como previsto secaram-se as palavras, então deixo aqui a simples frase com a qual a genial Pina Bausch encerra o filme: Dancemos, dancemos ou estamos todos perdidos!   


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