Conversando com o querido Thomaz metrô a fora, tocamos na metáfora da "Terra do Nunca" que é sempre evocada pelos doutorandos que passam por aqui. É verdade que somos meio Peter Pans em Paris, mas sabemos que temos um tempo para isso, que logo seremos convidados a nos retirar desse lugar de magia e voltar para a vida real.
No que tange minha experiência a realidade nunca esteve muito longe, não tenho tanto desprendimento para o encanto e me irrita profundamente a cobrança de 100% de felicidade por estar aqui, afinal, passado o bom choque inicial a cidade torna-se só cidade, com rotinas ainda mais cheias de perrengues que no Brasil. Pensei em listar pontos negativos, mas também não seria justo com o imaginário do leitor, experiências são únicas. Quem quiser entender isso deve apenas lembrar do dia a dia de qualquer um, que é permeado por coisas maravilhosas e outras nada boas. É simples, mesmo em Paris. Mas, continuamos sempre em frente e isso é tudo!
Importante também é saber rir até das coisas estranhas que acontecem e hoje tenho uma boa pra contar! Passei o dia inteiro fora de casa, pois não podia voltar por causa da colagem do papel de parede. Foi um dia intenso no Pompidou com a leitura bem interessante do filósofo Michel Bernard e seu Les Corps. Quando voltei, por volta das 20h, o cheiro da cola não estava tão insuportável, tive um certo trabalho para colocar tudo no lugar, limpar e enfim, fui tomar um banho merecido. Foi ai que encontrei bilhetinhos por toda parte do banheiro e na pia da cozinha dizendo que não poderia usar a água, pois havia produtos que precisavam reagir durante a noite! Logo, o Monsieur Amiel bateu à minha porta, orgulhoso do trabalho que tinha feito, perguntando se eu estava feliz e reforçando que eu não poderia tomar banho essa noite. E disse ainda, não tem problema ficar um dia sem banho!!! Eu insisti dizendo que costumava tomar banhos diários e ele soltou essa pérola:
- Vocês brasileiros gostam muito de água!!!
E eu disse que sim, que não era francesa e pecisava de um banho! Então recorri novamente aos amigos e fui a citè tomar banho e cerveja, rs!!!
Fiquei me lembrando da minha intenção quando sai da Maison, queria ter "uma vida mais francesa" e parece que estou conseguindo. Mas, afinal tudo tem seu limite, até na Terra do Nunca, até a Terra do Nunca!
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