85ème jour: La neige

Ela chegou e foi lindo :)

Fora uma geadinha no Rio Grande do Sul nunca tinha visto a neve cair e estava ansiosa nessa espera. Sai de casa um pouco atrasada, eram quase 16h e eu estava indo estudar na biblioteca do Pompidou. É um trajeto curto, mas extamente enquanto o percorria vi os primeiros floquinhos de neve caindo, ainda tímidos. Eu fiquei feliz feito criança no parque. Enquanto as pessoas apertavam os passos  para não se molharem eu ralentei os meus, esperando que a chuva branca ficasse mais intensa, a ponto de poder ser fotografa - o que não aconteceu. Quando finalmente cheguei ao meu destino, escolhi uma mesa próxima a imensa parede de vidros e pude ver quando o alvo ballet entrou em cena com mais entusiasmo. Aquela linha diagonal em breve queda enchia meu olhar com certo calor e meu corpo com uma vontade imensa de correr ao pátio do Pompidou e me misturar a toda aquela beleza branca. Fui tomada por um movimento interno incrível, talvez uma incorporação, no sentido mais poético da palavra. Bem, obviamente não tive muitas chances de exteriorizar tudo isso, mas explorei as redes sociais, para dividir com os amigos essa minha nova experiência.

A noite, quando cheguei a Cité vi que o espetáculo por lá, tinha sido ainda mais potente, os jardins ainda estavam cobertos de gelo e muitos inverneiros de primeira viagem como eu, contavam como tinha sido sua história gelada. Bom dividir.

Ao telefone, Luquinha, no auge da sabedoria dos 8 anos, me deu aula sobre o assunto:

- Nevou ai Tia Iéié, você fez anjinho?

- Anjinho?! Não seria boneco de neve? (respondi com toda minha ignorância em nevascas)

- Não Tia Iéié é anjinho, vou te explicar: Você deita na neve e abre e fecha os braços e pernas, ai forma um anjinho no chão. Entendeu?

- Ah entendi! E tentando disfarçar o total desconhecimento do termo disse que a neve não tinha sido suficiente pra fazer nenhum tipo de bichinho.

Bem, sei que em breve posso estar reclamando do frio, da neve, da chuva e tudo mais que essa estação traz. Mas, nesse momento preciso dizer que estou em lua de mel com o frio e todo o charme que recobre a cidade. Meus passeios - que agora ganharam trilha sonora by iphone - tem sido mesmo cinematográficos e me fazem entender cada dia mais a metáfora da Terra do Nunca. 

Essa foto tirei pela manhã enquanto caminhava até a Aliança Francesa onde começarei aulas.