A Paris que não aparece em folhetins turísticos me surpreendeu. Todo o país passa por uma séria crise de desemprego, que é assunto em qualquer ambiente onde haja ao menos um francês. Recorrentes também são as imagens com as quais nos deparamos diariamente em consequência disso. Muita gente nas ruas, miseráveis esmolando, dormindo pelos metrôs; visão essa, infelizmente, comum para nós brasileiros, mas que eu não esperava encontrar por aqui, ao menos não com tanta frequência.
Com o frio a situação se agrava e ontem tive uma dura prova disso. Esperava uns amigos na praça Republique e resolvi me movimentar pra espantar o frio. Foi quando me deparei com uma senhora estática, provavelmente de quase 70 anos, trancafiada em uma cabine telefônica com todos os seus pertences em torno do corpo. Devido a restrição do espaço ela estava em pé, provavelmente há um bom tempo (pois um amigo disse tê-la visto mais cedo), abraçando-se contra o frio e com um semblante trêmulo, daqueles que não queremos registrar, mas a memória não deixa escapar. Foi a cena, mais triste que vi em Paris. Olhando melhor, vi que na praça se formava uma grande fila de moradores de rua , alguns já com suas barracas armadas para passar a noite ali. Então, percebi que eles estavam recebendo sopa e frutas do "Resto du Couer", uma espécie de organização que distribui alimentos com a ajuda de bénévoles. Definitivamente, a pobreza não é um privilégio nosso.
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