Voltando à Certeau, é interessante sublinhar a colocação do autor sobre as ideias de espaço e lugar. Ele afirma que o espaço é um lugar praticado e que o primeiro estaria para o segundo como a palavra para a fala, como a leitura para a escrita. O lugar diz sobre a ordem de coexistência entre elementos, implica uma estabilidade, não no sentido rígido do termo, visto que as posições aqui são configuração instantânea, ou seja, em movimento.
Por sua vez, o espaço parece ser visto como uma espécie de preenchimento, seria animado pelo conjunto de movimentos que ali se desdobram ou pelo cruzamento desses "acontecimentos", diz de um ato presente que surge a partir do cruzamento de múltiplas convenções em um momento.
Diante disso, fica estranho pensar em não-lugar, como nos fala Bauman, ao menos não com a força dessa negação, pois o vazio não é alcançado. Talvez seja possível refletir sobre um esvaziamento, um "médio-lugar" (diria um amigo), mas sabemos bem que se encontrar com o silêncio é algo impraticável. Volto a me lembrar das linhas e multiplicidades de Deleuze, do atual e virtual em Levy e, principalmente, da ideia de rede que veio lá da ecologia e que até o momento é a imagem mais forte que consigo vislumbrar para toda essa trama.
E o corpo? Talvez este seja em si mesmo um espaço-lugar e ao mesmo tempo seu estar é o que ativa as relações entre espaço e tempo, ele é ao mesmo tempo matéria e conteúdo que torna possível os encontros e significações.

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