mardi 21 juin 2011

297éme jour: Le combattre


Há tempos não ia passar a tarde na adorável biblioteca do Pompidou, talvez por isso, tenha me irritado um pouco mais com o barulho que se faz por lá. De quando em quando o ambiente fica mais ruidoso e obviamente ficamos mais sensíveis a ele, pois a maior parte do tempo os olhos e a atenção estão voltados para os livros. Lembrei-me de um concerto em que estive onde todos os membros da orquestra, naturalmente, baixavam a cabeça enquanto aguardavam o tempo certo do recomeço, depois que a música eletrônica terminasse. Se a visão é o sentido mais imediato que temos, a audição ganha potência no momento em que os olhos se baixam. Parece banal, mas achei bonito de ver os corpos explicitando sensações de maneira tão simples.

Foi também curioso de perceber uma dinâmica coletiva de corpos estranhos que dividem um mesmo espaço de significados, e do qual só me senti fazendo parte depois de estabelecer certa frequência de visitas à biblioteca (corpografei?). Lá, há momentos de enorme silêncio em que você embarca profundamente na leitura ou, no caso de alguns, tira até um cochilo. Sim, o sono é como o bocejo, ele 'pega' e por vezes vejo as cabecinhas se deitando como uma "ola" às avessas. Para quebrar esta etapa há o tempo da agitação, onde os corpos se movem mais, as pessoas se levantam, espreguiçam, conversam, comem, enfim, despertam. Normalmente essas etapas estão atreladas ao horário, as 18h por exemplo, quando as pessoas começam a deixar a grande sala, é a maior agitação.

Claro, como toda dinâmica existem as quebras, inesperadas, interessantes e nem sempre agradáveis. Hoje dois senhores, que lado a lado assistiam a documentários, se estranharam e geraram uma daquelas demonstrações de intolerância urbana. - Arrête! gritou o primeiro. Assim, o segundo se levantou e embora franzino, exibiu imediatamente uma pose de galo de briga. Convocado, o outro homem não menos despreparado para um confronto físico, levantou-se diante da platéia, pois naquele momento todos já tinham tirado os olhos dos livro. Alguém sensato soltou uma gargalhada, diante da situação ridícula e o riso se espalhou por todo o salão. Os homens baixaram a crista e o show acabou, salvaram-se todos!            

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire