Uau, 300 posts! Precisava mesmo de um assunto monumental para este!
(Ok, preciso me livrar dos péssimos resquícios publicitários.)
Monumenta é uma exposição anual proposta pelo Grand Palais, com o intuito de que, a cada ano, um artista convidado possa criar uma obra inédita para ocupar o pátio do palácio que tem nada menos que 13.500m² por 35m de altura. O escultor indiano Anish Kapoor recebeu esse desafio para 2011 e propôs Leviathan, obra na qual sugere ao visitante uma experiência contemplativa e poética, um grande corpo para receber todos os outros.
Segundo o artista, são três os elementos sobre os quais ele se deteve nesta composição e que, de uma maneira geral, são aparentes também em várias outras de suas gigantescas obras: a cor, o corpo e a pele. Em Leviathan a monocromia é tida como um princípio que gera a forma e a partir dela o artista dirige-se ao obscuro: "Le rouge possède un très grand potentiel de noir". O corpo da obra, por sua vez, tem a pretensão de remeter à uma existência anterior e acionar uma memória também obscura que envolveria fisica e psiquicamente o visitante. A pele trata da escolha cuidadosa do material que cobre a superfície do objeto, com a intenção de que ele seja uma extensão do espaço que ocupa.
Assim, após cerca de 40 minutos de fila, no último dia da exposição, Eu e Carol embarcamos na obra. O primeiro impacto, sem dúvida é causado pela grandiosidade do corpo-objeto, com o qual só nos deparamos ao atravessarmos as portas do palácio. Leva-se alguns minutos para se contemplar e então compreender o rumo das gigantescas formas arredondadas, interligadas de maneira orgânica e contínua. Começamos a tocá-la, ainda do lado-escuro-de-fora, tinha ali uma espécide de movimento meio-vivo. Foi a hora de escutá-la, de fazê-la pequenina aos nossos ouvidos, esquecendo por alguns instantes o visual espalhafatoso.
Não é difícil imaginar a sensação que tivemos. Sim, parece uma enorme redoma de vida e isso alterou imediatamente nossa relação com a obra, nos aproximou e fez querer cuidar. Que mulherzinhas!!! Mas, ça va é sem dúvida uma obra de nosso gênero.
Por fim, atravessamos a grosseira porta giratória, hermeticamente fechada, que velozmente nos joga para dentro da criatura. Diria mesmo que ela tem uma função de portal, daqueles dos desenhos animados que transportam a personagem para outro mundo. Estávamos lá, em uma delícia de agonia, que pressionava nossos ouvidos, embaralhava a visão, confundia os sentidos, nos engolia e acolhia. Alguém nos escutava?
Algum tempo depois, graças a plasticidade nossa de todo dia, já éramos corpo daquele corpo. Então vimos a bela sombra dos arcos do palácio se projetarem sobre a pele do bicho-vida e várias outras nuances que iam se alterando de acordo com a luminosidade externa. Deu um conforto essa presença do mundo de lá, mas ao mesmo tempo aquele retorno a uma memória que não temos era tão curioso, excitante e também confortável, também mundo nosso!
Deixamos a exposição agradecendo muito, embora a ninguém. Simplesmente agradecendo. Por estar aqui, pelas experiências que estamos passando e por termos tido tanta chance na vida desde a outra vez que saímos de uma criatura-luz semelhante a essa em que estivemos.
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Monumenta é uma exposição anual proposta pelo Grand Palais, com o intuito de que, a cada ano, um artista convidado possa criar uma obra inédita para ocupar o pátio do palácio que tem nada menos que 13.500m² por 35m de altura. O escultor indiano Anish Kapoor recebeu esse desafio para 2011 e propôs Leviathan, obra na qual sugere ao visitante uma experiência contemplativa e poética, um grande corpo para receber todos os outros.
Segundo o artista, são três os elementos sobre os quais ele se deteve nesta composição e que, de uma maneira geral, são aparentes também em várias outras de suas gigantescas obras: a cor, o corpo e a pele. Em Leviathan a monocromia é tida como um princípio que gera a forma e a partir dela o artista dirige-se ao obscuro: "Le rouge possède un très grand potentiel de noir". O corpo da obra, por sua vez, tem a pretensão de remeter à uma existência anterior e acionar uma memória também obscura que envolveria fisica e psiquicamente o visitante. A pele trata da escolha cuidadosa do material que cobre a superfície do objeto, com a intenção de que ele seja uma extensão do espaço que ocupa.
Assim, após cerca de 40 minutos de fila, no último dia da exposição, Eu e Carol embarcamos na obra. O primeiro impacto, sem dúvida é causado pela grandiosidade do corpo-objeto, com o qual só nos deparamos ao atravessarmos as portas do palácio. Leva-se alguns minutos para se contemplar e então compreender o rumo das gigantescas formas arredondadas, interligadas de maneira orgânica e contínua. Começamos a tocá-la, ainda do lado-escuro-de-fora, tinha ali uma espécide de movimento meio-vivo. Foi a hora de escutá-la, de fazê-la pequenina aos nossos ouvidos, esquecendo por alguns instantes o visual espalhafatoso.
Não é difícil imaginar a sensação que tivemos. Sim, parece uma enorme redoma de vida e isso alterou imediatamente nossa relação com a obra, nos aproximou e fez querer cuidar. Que mulherzinhas!!! Mas, ça va é sem dúvida uma obra de nosso gênero.
Por fim, atravessamos a grosseira porta giratória, hermeticamente fechada, que velozmente nos joga para dentro da criatura. Diria mesmo que ela tem uma função de portal, daqueles dos desenhos animados que transportam a personagem para outro mundo. Estávamos lá, em uma delícia de agonia, que pressionava nossos ouvidos, embaralhava a visão, confundia os sentidos, nos engolia e acolhia. Alguém nos escutava?
Algum tempo depois, graças a plasticidade nossa de todo dia, já éramos corpo daquele corpo. Então vimos a bela sombra dos arcos do palácio se projetarem sobre a pele do bicho-vida e várias outras nuances que iam se alterando de acordo com a luminosidade externa. Deu um conforto essa presença do mundo de lá, mas ao mesmo tempo aquele retorno a uma memória que não temos era tão curioso, excitante e também confortável, também mundo nosso!
Deixamos a exposição agradecendo muito, embora a ninguém. Simplesmente agradecendo. Por estar aqui, pelas experiências que estamos passando e por termos tido tanta chance na vida desde a outra vez que saímos de uma criatura-luz semelhante a essa em que estivemos.



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