Artista residente do teatro da CitéU, o suiço Massimo Furlan foi certeiro ao escolher, para a criação de Madre, o que de mais rico pode haver em um lugar que se propõe a trocas multiculturais: a história do indivíduo. Nove estudantes, de diferentes nacionalidades, prestaram-se a dividir, entre eles e com o público, experiências íntimas relativas a memóra da mãe. Cada um construiu o seu dizer de maneira extremamente particular e sensível. Com generosidade ainda maior, abriram as portas de seus quartos para apresentar a um grupo de no máximo sete pessoas por vez, o bravo resultado desse vasculhamento interno.
Foi impossível não se envolver nas pequenas passagens interpretadas. Belas, duras e, recorrentemente, dolorosas. O deslocamento do grupo de estranhos pelos prédios, o espaço reduzido ao qual somos levados, a proximidade com o artista, olhos que te olham nos olhos, são elementos que promovem, necessaria e rapidamente, um território de intimidade entre todos. Por vezes, o silêncio dominou o grupo entre um quarto e outro, mal organizávamos as emoções e lá estávamos diante de outra porta aguardando para sermos surpreendidos mais uma vez. Por sorte, a última portinha que entrei era verde, amarela e doce. Tinha samba, copacabana e uma amiga emocionada. E cantamos juntas e também choramos, dessa vez pela felicidade do tempo bom que não escapou.
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