Montpellier se orgulha de sua Cidade Internacional da Dança: L´Agora.
Trata-se de um complexo inteiramente dedicado a criação artística em dança que tomou o lugar do antingo Couvent des Ursulines e fica no centro histórico da cidade. O edifício foi renovado em 2010 e suas instalações contam com dois estúdios coreográficos, um polo para residentes, salas multiuso e um incrível teatro em formato semi-arena a céu aberto.
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| Vale uma visita ainda que virtual: http://www.montpellierdanse.com/visite_virtuelle/ |
Foi lá, no sábado, que assistimos nosso último espetáculo do festival. Brilliant Corners, realizada para 10 bailarinos, é a nova criação do israelense Emanuel Gat, acolhido como residente em L´Agora em abril de 2011. O espaço descerrado parecia mesmo perfeito para as imagens orgânicas e autônomas que emergiam no palco feito um cardume que insiste em dar novos volumes a sua paisagem natural. Um avião, aleatoria e distantemente, sobrevoou e integrou um momento da cena, fazendo lembrar que dança e vida dividem um só lugar de encontros. Fazendo-me enxergar a teoria da complexidade de Edgar Morin, na qual se conjugam os princípios de distinção, conjunção e implicação. A unidade e o múliplo estão juntos, mas não se dissolvem. Um mesmo elemento é causa e efeito, produto e produtor, em um movimento contínuo de retroação, próprio à complexa constituição da vida. O todo está nas partes que estão no todo.
Um sistema, que beirava a hipnose, ocupou o espaço cênico sugerindo uma espécie de jogo entre linhas de forças onde escapes de solos a grupos eram permitidos, no entanto, rapidamente reintegrados a um 'grupo de unidades'. O termo pode soar bizarro, mas quando se via o movimento do conjunto em deslocamentos ou dispersões precisas, via-se ao mesmo tempo cada um dos intérpretes em seus corpos únicos de movimentação ímpar. Ou seja, cada um era autônomo em seu tempo e gesto, mas a oscilação era uma só, embora diversa. Sim, é complexo!
A relação com a música também vai dizer desse estado "igual, mas diferente" da obra. Brillant Cornes é o título de um álbum do jazzman Thelonius Monk, lançado em 1957. Não, as músicas do LP não fazem parte da trilha do espetáculo que, na verdade, foi composta pelo próprio diretor. No entanto, elas estão lá em algum lugar, no movimento da composição, na coreografia orgânica do universo vivo.
Para ver esquinas entre dança e vida:

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